Degradado, abandonado e em ruínas, mesmo assim o edifício conserva traços de ter sido importante moradia, com a sua opulenta decoração com azulejos algarvios e as paredes que ostentam um tom amarelo acanhado. Hoje, porém, serve de abrigo para moradores de rua e catadores de lixo.
Segundo a nossa fonte, a Vila Algarve foi erguida por ordens de José Santos Rufino, proeminente comerciante e editor fotográfico na então Lourenço Marques, com o objectivo de ser a residência do empresário português. No entanto, mais tarde nos anos 60, passa a funcionar como sede da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado Português), ou seja, o quartel general da polícia política do fascismo. O lugar tornou-se palco de inúmeras barbáries contra os oponentes do regime vigente.
A vivenda serviu de prisão, local de tortura e até de execuções. Das personalidades mais famosas que foram ali detidas constam o poeta José Craveirinha, que tem algumas de suas experiências no monumento, descritas em três de suas obras, o pintor Malangatana Valente Ngwenha e o escritor e político Rui Nogar.
Algumas pessoas dizem que, para além de ser atractivo pela arquitectura dos anos passados, o edifício possui um lado sombrio e alegam que já presenciaram experiências paranormais. Relatam ainda que é possível ouvir vozes assombrosas, vultos e espirros de almas dos torturados naquele local na época do regime colonial.
Tem-se planeado em reabilitar a Vila Algarve e, em 2008, a Ordem dos Advogados de Moçambique anunciou um plano de restauro do edifício a fim de o transformar na sua própria sede. O governo, por sua vez, quer transformá-lo em Museu da Resistência Contra o Colonialismo, já que é um dos monumentos que servem de testemunho do passado dolorido que o país enfrentou.
Escrito por Elisa Mucoma para Tsevele