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terça-feira, 01 novembro 2022 19:08

Malola: uma referência obrigatória da gastronomia Ndau

Peixe malola/marora-seco Peixe malola/marora-seco

Dentre as diversas iguarias encontradas na gastronomia da província de Sofala, encontra-se famoso peixe malola, nome em língua Ndau, e que   cientificamente é designado de peixe marora. É um peixe da família Synanceiidae, pescado em tempos de maré alta, ou em dias de mar muito agitado. Para a sua pesca, são geralmente usadas as redes de arrasto.

Em uma conversa com Célia Antónia, residente na cidade da Beira e cozinheira de pratos tradicionais naquele ponto do país, esta refere que o malola é conhecido como um peixe com muitos espinhos, por isso este é frequentemente consumido assado ou frito, e não cozido. Este peixe pode ser consumido fresco ou seco e para preparar o malola, se for seco deve-se antes mergulhar o mesmo na água por algum tempo, de forma a reduzir a quantidade de sal que foi usado para secar e conservar o peixe, e também para facilitar o processo de retirada das escamas, e em seguida pode-se usar o peixe para fazer o prato que o cozinheiro preferir. Para o caso do malola fresco, o procedimento é bastante simples, basta que o mesmo seja lavado. Retirar as tripas do peixe é opcional

Da diversidade de pratos que podem ser confecionados com o malola, encontramos caril de coco e amendoim, o tocossado e também pode se assar ou até mesmo fritar.

O malola assado

Uma das maneiras tradicionais de consumir o malola é assando. Segundo a nossa entrevistada, esta é uma das principais preferências do povo ndau, podendo este ser assado fresco assim como seco. Célia refere que uma das maneiras interessantes de assá-lo é assando com as tripas. Para tal, deve-se primeiro lavar o malola para retirar a sujidade que possa estar no peixe e em seguida leva-se o mesmo para a assadeira e posteriormente assa-se sem escamar. Depois de notar-se que o peixe já está de cozido, retira-se o peixe da assadeira e raspam-se todas as escamas. Após retirar todas as escamas, adiciona-se o suco de limão por cima do peixe e em seguida pode-se consumir o peixe ou usá-lo para acompanhar com um outro prato. Célia revela que para quem não dispõe de assadeira, pode-se usar paus finos para espetar o peixe, lembrando que não se deve retirar as tripas e nem as escamas. No entanto, importa ressaltar que assar o malola com as tripas e as escamas é opcional, pois há quem prefira optar por retirar as escamas e as tripas, mas a Célia revela que é muito mais saboroso manter as mesmas.

Caril de coco e amendoim

Para cozer o malola com coco e amendoim, primeiro prepara-se o malola (retirar as escamas e as tripas). O cozinheiro tem a possibilidade de fritar ou não o peixe (depende da preferência de cada um), antes de ser adicionado ao caril. Preparam-se também o tomate, a cebola. Em seguida, côa-se o leite de coco e adiciona-se o amendoim ou se o cozinheiro preferir, pode coar o coco junto com o amendoim. Depois de pronto o leite de coco, leva-se o mesmo ao fogo e adicionam-se o tomate e a cebola e deixa-se a ferver o leite até que coza e fique consistente e um pouco denso. Depois de o leite de coco cozer, pode-se adicionar o malola frito ou não, podendo este ser fresco ou seco. A nossa entrevistada refere que para o caso de malola seco, não é necessário fritar, basta que antesseja mergulhado na água para reduzir a quantidade de sal e para retirar as escamas. Após isso pode-se adicionar na panela e deixar ferver por 20 minutos, adicionando depois manga seca, um ingrediente que acrescenta “magia” à comida.

Para acompanhar o prato, recomenda-se uma boa xima, embora possa ser consumido com arroz. “Há quem prefira somente retirar as escamas do peixe e cozinhá-lo juntamente com as tripas” explicou a nossa entrevistada. Para fritar o malola outros preferem temperar com alho, limão, etc. e outros preferem colocar simplesmente o sal.

Escrito por Margarida Amadeu para Tsevele

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